Infelizmente é comum vivenciarmos situações como acordar ao meio da madrugada porque alguém está ouvindo funk “no último volume”; termos conhecimento de um vizinho que envenenou os gatos da rua porque estes miavam; ficarmos sabendo de inúmeros casos de pessoas e animais que morrem vítimas do descaso de quem está em seu convívio ou até mesmo de um bebê humano abandonado numa lata de lixo.
Muitas pessoas (adultos, adolescentes e crianças) se comportam como se o mundo fosse feito apenas para satisfazê-los e como se a consequência das suas ações e omissões não fizessem parte de suas responsabilidades.
Tal estilo de vida, extremamente egocêntrica e egoísta, deriva de uma educação falha ou de uma mente doente (com transtornos antissociais). É nessa segunda hipótese que entra a índole depravada de alguns.
Alguns transtornos antissociais ou mesmo a psicopatia ainda são considerados incuráveis, mas são contornáveis por uma boa educação, restrições, medicamentos adequados e estímulos ambientais sadios. A educação falha pode ser evitada ou corrigida em qualquer fase da vida.
Educadores, pais e, especialmente, futuros pais, devem dedicar tempo suficiente a estudar como educar adequadamente. Educar não é instintivo como muitos pensam, mas sim, fruto de bagagem adequada que pode ser adquirida por leitura, cursos e muito estudo.
A educação falha pode ser corrigida, mesmo que parcialmente, em qualquer idade, por meio de conversas esclarecedoras, exemplos práticos e a vivência do exemplo vivo (quando o educador “dá o exemplo” do que é mais correto). Alguns educandos precisam ouvir ou vivenciar algo diversas vezes para, enfim, internalizá-lo; mas todos têm a capacidade de apreender durante toda a vida.
Educar corretamente contra o egoísmo depende de:
1- Mostrar ao educando as consequências de seus atos (positivos e negativos);
2- Sempre falar claramente e discutir pacientemente acerca das consequências de cada ato;
3- Deixar que algumas destas consequências (positivas e negativas) recaiam sobre o educando;
4- Mostrar ao educando que ele não está sozinho no mundo, mas que vive em função do equilíbrio ambiental e social do meio em que se insere; bem como que não é o único a viver o que vive, a ter as necessidades que tem, nem a sentir o que sente - Isto é, estimular a empatia;
5- Ser o exemplo.
É evidente que não desejamos formar pessoas neuróticas por salvar o mundo, pois estas acabam esquecendo-se de si mesmas e não reconhecem limites. Portanto, sempre que possível, devemos deixar claro por meio de nossas ações e palavras que é impossível salvar a tudo e a todos, mas que sempre que pudermos fazer algo de bom, que o façamos após dosar racionalmente as consequências positivas e negativas de cada atitude e reconhecer os casos em que as positivas são mais significativas à maioria dos seres vivos e do planeta.
Alguns exemplos práticos em educar corretamente:
Abaixo, apenas alguns exemplos. Após sua leitura, perceba como qualquer situação pode ser aproveitada para educar adequadamente. Os números em negrito fazem referência aos passos numerados acima.
1, 2 e 3 - Uma criança de 5 anos, por birra, joga um copo de vidro contra a parede.
Deve-se:
- colocar a criança sentada onde possa ver o tempo e trabalho que você tem para limpar toda a sujeira (no caso de um pré-adolescente ou mais velho, solicitar que ele mesmo limpe e supervisionar);
- descontar o preço do copo da mesada dela*1 - explicar o porquê disto ao dar a mesada;
- aguardar que a criança peça por água e mostrá-la que ela deve aguardar 10 minutos*2, pois quebrou o copo em que beberia a água e, por isso, você vai demorar a pegar outro.
Não repita tal procedimento se devido a um mesmo e único fato.
1, 2 e 3 - Um pré-adolescente ouve música num volume muito alto e na garagem de casa.
Deve-se:
- comentar que nem todos que estão por perto querem ouvir a música. Há pessoas que trabalham de madrugada e provavelmente estão tendo seu sono atrapalhado pela sua atitude; há os que estão estudando, doentes ou idosos e precisam de silêncio agora. O adolescente deve preferir ouvir música em seu quarto, num volume que não precisa ser tão baixo, mas suficiente para agradá-lo sem invadir tanto os demais.
Caso conversar não seja suficiente, pode-se colocar música alta e desagradável quando o pré-adolescente estiver descansando numa tarde. Quando ele pedir para desligar, comente que se fosse o vizinho, não desligaria; aliás, nem saberia que alguém quer que desligue... Desligue, mas mostre que, quando é ele que está errado, o quão desagradável suportar isto pode ser aos vizinhos (exemplo prático do "não faça aos outros o que não quer que os outros façam para você")*3
4 - Estude biologia e ciências naturais para facilitar como educará. Leia sobre sustentabilidade, empatia, psicologia e psicologia da educação.
4 - Mostre que você também tem fraquezas, não minta quando filhos te perguntarem se está chorando e o porquê disto.
4 - Tenha um animal de estimação. Respeite-o. Cuide bem dele. Aproveite os diferentes momentos da vida deste animal para mostrar que animais também sentem, tal como nós. Converse*4 sobre como tal animal mostra que sente (faça notar que como cada um mostra o que sente pode ser um pouco diferente), discuta sobre como proceder em cada caso (vamos levar ao médico? Vai sair caro? Vale á pena? Por quê? Você me ajuda? O que provavelmente vai acontecer? Etc). 4- Jamais compre um animal de estimação. Converse sobre as consequências de comprar e as de adotar um animalzinho. Não tenha um animal silvestre ou um animal que ficará confinado em gaiola ou aquário. Questione sobre isto sempre com um "E se fosse você?". Gere empatia!
5 - Não se comporte como se o ser humano fosse o centro do planeta; e a Terra, o centro do sistema solar; mas sim, respeite as demais formas de vida e reconheça que somos parte interligada e interdependente, não o todo!
5 - Ajude, sempre que possível, outros seres vivos e converse sobre as consequências de cada atitude que tomar.
5 - Não infrinja o corpo de nenhuma criatura viva, ou seja: não bata, não belisque, não sacaneie, nem machuque através de quaisquer meios para "educar"*5.
5 - Não faça o que ensina ser errado. E faça o que ensina ser correto (contradições confundem o educando e geram falta de firmeza e de confiança).
*1 Estipular mesada é interessante para desenvolver responsabilidade e o senso de que em certas situações é preciso saber escolher entre uma coisa ou outra. Muitos jogos (de videogame também) estimulam tal percepção.
*2 Cuidado para não ultrapassar este prazo. Lembre-se: educar não é castigar, mas se trata de fazer o educando pensar nas consequências de seus atos. Não devemos castigar ou torturar, mas apenas educar - educar não está relacionado à dor como muitos pensam erroneamente e só fazem besteiras por conta disso.
Lembre-se, se pai ou educador (que seja por fato ocasional ou proposital), que a educação depende de você – não castigue outros pelos seus erros. Tenha paciência e eduque corretamente: com amor e responsabilidade!
*3 Note que quando dialogar se mostra insuficiente, a pessoa deve ser colocada, de maneira controlada, em situação oposta a que geralmente fica, e estimulada a pensar acerca desta. Lembre-se que não é para castigar, mas para levar à reflexão.
O outro está aprendendo. Castigos devem ter sua eficácia estudada e confrontada antes de serem aplicados. Deixe isso com profissionais. A própria justiça, em nível mundial, tem o assunto debatido por milhares de especialistas que ainda não chegaram a um consenso!
*4 Não subestime a capacidade das crianças. Elas são seres vivos completos em sim mesmos. Com certeza sempre têm algo a nos ensinar e, não raramente, nos surpreendem.
*5 Às vezes, o poder executivo (como a polícia) precisa utilizar-se de força e coesão para realizar certas atividades ou funções. Este poder implica consequências secundárias às ações de cada cidadão e é, ao menos em grande parte, amparado por lei e adequado a diversas situações. Não cabe a pais, professores ou pessoas comuns, agir violentamente. Não temos treinamento, segurança e sequer conhecimento ou motivos adequados para tal. Assim como não cabe a nós atrapalhar os serviços policiais sem ao menos conhecê-los na teoria e na prática.
Se notar a educação falha mesmo com tantos esforços, vale à pena requisitar a ajuda de um profissional, tal como um psicólogo ou pedagogo. E, em casos mais extremos (como adolescente em efeito de drogas, por exemplo), quando a proteção dos demais estiver em risco, da polícia ou do SAMU.
Fonte da figura: http://carolina-pando.blogspot.com.br/
Saiba mais: vídeo sobre mimar demais, formando pequenos tiranos (Síndrome do Imperador) em:
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