Por exemplo: um determinado ursinho
pode significar o pai, mesmo que o pai não se pareça fisicamente com a pelúcia.
Uma boneca x pode simbolizar o carinho materno, mesmo que a mãe seja muito dura
ou até agressiva.
Portanto, não se deve doar, quebrar ou
jogar fora os brinquedos de uma criança sem a livre permissão dela.
Cada criança terá um nível de apego, normal para sua etapa de desenvolvimento, e variável com cada brinquedo. Algumas
situações, quando emocionalmente elaboradas, irão reduzir esse apego.
Com o tempo e a maturidade, o apego por
coisas diminuirá, mas alguns poucos brinquedos ou outros objetos podem ser
mantidos para sempre e isso não é anormal; no adulto, eles terão valor
emocional não mais por que significam parte de algo, mas por trazerem boas
lembranças. O doentio é acumular: não se desfazer de nada, o que causa
sofrimento no próprio acumulador. Tal comportamento requer tratamento
psiquiátrico e psicoterápico.
As crianças vão ter brinquedos
favoritos, o que não se dará na medida de seus valores monetários ou estéticos,
mas sim de seus valores simbólicos. Não é recomendado criticarmos
subjetivamente os brinquedos dela, mas podemos mostrar se estão quebrados, por
exemplo, o que seriam uma crítica objetiva, racional. Podemos também pedir para
que elas os mantenham sempre limpos e organizados.
Uma vez eu estava participando de um
grupo de estudos e uma garota de 31 anos, de classe média, mentalmente saudável,
universitária, começou a falar sobre sua problemática que a levara até lá. Ela
tinha grande sofrimento causado por seu intenso medo constante: do escuro, de
sombras, de dormir em lugares diferentes, de viajar, de passar a noite com as
amigas...
Aprofundando com questionamentos, o
grupo a levou a recordar que isso tudo começou aos nove anos de idade. Aprofundando
mais, desconfiando de abuso sexual, descobrimos que realmente houve um trauma,
mas era bem diferente.
A bela garota começou a chorar ao se
lembrar, não imaginando ter sido uma das principais causas de tantos problemas,
e contou: Eu tinha uma caixa de papelão pequena onde guardava meus
brinquedos e coisinhas diversas. Eram pelúcias, bonecas, algumas sem braço ou
outra parte, alguns brinquedos quebrados, mas eu gostava deles, de todos eles.
Um dia cheguei da escola e a primeira coisa que fiz foi ir até a caixa, como
sempre. No lugar dela havia um aspirador de pó. Nenhum brinquedo estava mais na
casa, nem no lixo. Minha mãe já havia se desfeito de todos.
Compreendendo um pouco dos efeitos
disso, o grupo ficou muito emocionado...
No mesmo grupo, em outro dia, falamos
com um gordinho que sofria por não conseguir vender nenhum de seus carros. Ele
tinha cinco e estava fazendo dívidas por conta de locais para conseguir
mantê-los. Os carros nem funcionavam mais e ele precisava de dinheiro. Ele sentia como se parte essencial dele estivesse em cada carro invés de nele mesmo. E ele era gordinho
por problemas de retenção comprovados por exames: o próprio corpo mostrava o
emocional – ele precisava segurar tudo com ele para se sentir seguro e
inteiro... Mesmo empresário e com 40 anos de idade! Essa foi outra longa
história, mas, agora, você, leitor, já está capacitado a interpretá-la.
Lembre-se: cuidar bem é respeitar o ser
cuidado, sabendo que ele é um ser vivo. No caso da criança: uma pessoa como você.
No Blog Mãe em Dia, uma das dicas para amenizar o medo de escuro é a presença de um ursinho protetor. Na verdade, nem precisa dizer qual brinquedo é protetor, pois a criança sempre elege um. Faz parte.
Livros e artigo (link) para os professores:
Artigo: O papel do brinquedo no desenvolvimento infantil.
Livros para as crianças (bem novas) - para ajudar a dormir:
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