Abuso sexual contra crianças pode ser um crime silencioso

Nem todas as crianças são comunicativas e, as que são, nem sempre comentam sobre muitos fatos relevantes ocorridos em suas vidas. Isso se deve principalmente a um autoconceito ruim aliado a baixa autoestima e a carência de confiança nos pais ou nas pessoas que deveriam ter como amparadores.

A carência da confiança nos pais pode se dever a atitudes como: tratar com descaso ou descrença os assuntos levantados pela criança, castigar em excesso, castigar sem a criança ter ou entender que tem alguma culpa sobre fato ocorrido, castigar de maneira violenta, permanecer ausente com freqüência, não estabelecer relações de afeto físico e via diálogos, agir violentamente (comum por parte de pais alcoólatras), incentivar a vergonha e a culpa, dar broncas por quaisquer motivos, constranger a criança em público ou sozinha como forma de castigo ou "brincadeira", entre outras.

A carência da confiança faz com que a criança não revele a ninguém informações que, nela, geram conflitos. Ela sente que levará broncas, não será acreditada ou compreendida e se sente muito constrangida e culpada por tudo o que a faz viver desconfortos.

O autoconceito ruim ou a baixa autoestima podem estar relacionados a fracassos experimentados com freqüência (devido a autoexigências ou a exigências inadequadas e inatingíveis por parte de pais e professores), estereotipamento (as pessoas acusam a criança de ter determinadas características e usam isso contra ela constantemente. Por exemplo: dizer que ela é burra"), falta de respeito a sua personalidade,  excesso de punição (e falta de compreensão), punições inadequadas (não bem argumentadas ou por erros não cometidos ou não cometidos intencionalmente), castigos físicos, humilhação, constrangimentos, falta de diálogo e de carinho.

A baixa autoestima faz com que as crianças se sintam culpadas e, de certa forma, merecedoras dos abusos sofridos; como também receosas de serem ainda mais punidas se comentarem pelo que passam ou sobre como se sentem.

Mesmo crianças bem cuidadas sentem-se constrangidas ao falar sobre um abuso sofrido, pois toda vítima, em qualquer idade, sente que poderia ter evitado a situação desagradável e, portanto, que tem alguma culpa por ele. Além do fato que falar sobre algo se consiste em relembrar, reviver o fato, o que é extremamente desagradável.

Você certamente já ouviu a expressão “fácil como tirar doce de criança”, que se deve não apenas à vulnerabilidade física e emocional das crianças, mas também à freqüência dos aspectos abordados acima, motivos pelos quais as crianças sofrem quietas, o que as tornam alvos fáceis e não denunciantes.

Se a criança sofre abusos físicos (tapas, cintadas, outros) constantes por parte das pessoas que ela ama, tal como apanhar e sentir dor em partes íntimas por motivos que ela sequer compreende, como ela vai diferenciar o que é um estupro? Como ela vai lidar com o sentimento de o estupro não estar sendo apenas mais uma punição? Se alguém que ela ama bate nela, não seria natural que quem nem a conhece direito faça coisas mais desagradáveis ainda?

Lembremos também que uma criança acredita com muito mais facilidade em uma ameaça, por conta de seus limites cognitivos. As ameaças mais comuns são que se ela contar para alguém o que houve, ela, seus animais ou seus pais serão mortos.

Portanto, muitas crianças podem SIM ser alvos constantes de abuso sexual - o que devasta suas infâncias - sem que seus pais sequer percebam!

“Um levantamento da secretaria de Saúde de SP mostra que dos casos de violência atendidos em serviços públicos, 38% são contra crianças e adolescentes. A violência sexual representa 30% desses casos”.

Assista à reportagem disponível na página virtual da TV Globo e saiba identificar os comportamentos que indicam abuso sexual sofrido. É importante lembrar que, normalmente, como visto, a criança não falará sobre o assunto, por isso, seus comportamentos devem ser cuidadosamente observados.

Não seja cúmplice: DENUNCIE. Qualquer ato libidinoso (mesmo sem penetração) contra menores de 14 anos é crime! Disque: 100 ou 181. Para denunciar sites com conteúdo criminoso: Safernet.


Saiba mais:

Diga Não ao abuso e à violência infantil

Campanha Nacional Contra a Pedofilia na Internet.

Busque no site oficial da Polícia Militar as dicas de segurança (especialmente o capítulo “Crianças”).

Observe que a Polícia Militar, no documento citado, mostra que não se deve ser violento com crianças para não ensiná-las a resolver problemas utilizando a violência, bem como para que elas confiem em quem as educa e facilitem que tais pessoas cuidem delas adequadamente (sigam suas instruções ou fiquem próximas a elas em locais pouco seguros, por exemplo). Uma outra dica é que as crianças sejam ensinadas a reagir (gritando e se debatendo) a tentativas de abusos sexuais, assunto que muitos pais evitam tratar e acabam não protegendo adequadamente seus filhos.

Observe também que é sempre recomendado denunciar quem infringe leis. Ao deixar de denunciar, mesmo que seja para preservar a imagem pessoal sua ou de alguém, deixa-se de atuar contra criminosos, incentivando direta e indiretamente que estes prejudiquem mais seres vivos.

Aprofunde seus conhecimentos e entenda sobre como são gerados e mantidos autoconceito ruim e baixa autoestima, lendo os livros da psicóloga Lourdes Possatto, que tratam sobre esses temas:


         






Nenhum comentário:

Postar um comentário