Mulheres grávidas, crianças e idosos que convivem com animais domésticos são mais saudáveis física e emocionalmente que as pessoas que os evitam. Qualquer profissional que esteja em desacordo com essa informação cientificamente comprovada é desatualizado e não merece plena confiança.
Nenhuma pessoa precisa se desfazer de seus animais caso engravide, tenha filhos ou adoeça. Os organismos causadores de doenças, via de regra, são específicos, o que significa que são transmissíveis somente entre seres de mesma espécie. Podemos contrair milhares de doenças de outros seres humanos, mas quase nenhuma de cães e gatos... Você jamais pegará gripe de um cão ou gato. Jamais!
São pouquíssimas as doenças que um cão ou um gato pode transmitir a um ser humano. A principal delas, e mais grave, é a raiva, que é transmitida pelo contado da saliva de animal infectado (e somente do animal infectado) com um ferimento no humano (geralmente causado por mordida que atinja a grande circulação sanguínea - não é qualquer arranhão).
A raiva é uma doença eficientemente controlada no meio urbano pela vacinação antirrábica de campanha anual. Um cão ou gato vacinado anualmente não contrai a doença, portanto, não a transmite. Um animal que não tem acesso às ruas (nem a morcegos) também não contrai tal doença.
Um animal com raiva morre em menos de 10 dias e apresenta sintomas claros de dificuldade de engolir e salivação excessiva. Seu corpo deve ser entregue á prefeitura local.
Tétano não está relacionado à mordidas, mas, necessariamente, a qualquer ferimento profundo em pessoas sem a vacina antitetânica em dia, e ela deve ser reforçada a cada 10 anos.
O verme conhecido popularmente como "bicho geográfico" causa uma dermatite tratável, pode ser eliminado pelas fezes de cães e gatos; porém, só vai infectar a pessoa que estiver em contato direto (descalça ou sem luvas) com areia que contenha suas larvas. Para evitá-la, basta evitar caixas de areia em parques públicos e escolas e andar devidamente calçado, especialmente em praias poluídas com esgoto. Vermífugos especiais para cães e gatos são vendidos em petshops e eliminam o verme de seus intestinos.
A Esporotricose, uma micose de tratamento longo, pode ser transmitida pelo contato sem proteção de luvas ou roupas adequadas com pessoas, madeira, plantas ou animais infectados. Geralmente a transmissão ocorre quando há um ferimento na pessoa saudável e o fungo entra nesse ferimento. Gatos infectados (e somente se estiverem infectados) com o fungo podem transmitir essa doença; alias, foram comuns transmissores de esporotricose no Rio de Janeiro em 2017. Tais gatos apresentam ferimentos típicos da doença e, quando não tratados, acabam morrendo. Felizmente, essa doença não é tão comum em meio urbano. Ela tem tratamento eficaz, tanto no gato, como no humano, podendo deixar cicatrizes. Infelizmente não há vacina. Para evitá-la, deve-se tocar gatos com os ferimentos típicos da doença apenas com luvas e conferir a eles cuidado veterinário imediato.
A toxoplasmose é uma doença a qual quase todos já fomos expostos e causa sintomas semelhantes a uma gripe, gerando imunidade (imunidade, esta, averiguada nos testes pré-natais). Quando contraída por grávidas não imunes, durante o primeiro trimestre de gravidez, pode ocasionar lesões ao feto. Em pessoas com sérios problemas de imunidade, pode causar complicações mais sérias.
Essa doença geralmente é contraída pelo contado sem luvas com carne contaminada ou por injestão dessa carne crua ou mal passada. Raramente, a toxoplasmose também pode ser contraída pelo contado com terra ou areia infectadas e pelo contado direto com fezes de gato contaminado (e somente de gato contaminado). O gato também adquire imunidade após ter a doença e há testes sanguíneos (realizados em laboratório veterinário) para averiguar se um gato é portador da doença ou já está imune a ela. Dizer que uma pessoa ou um gato estão imunes à toxoplasmose, significa dizer que estão protegidos contra ela (se entrarem em contato com seu protozoário causador, não terão adquirirão, nem transmitirão a doença).
Portando, futuras mamães:
- Façam os exames pré-natais e tomem as vacinas solicitadas pelo médico que os avaliar;
- Não manuseiem carne crua sem luvas plásticas;
- Não comam carne crua ou mal passada;
- Não cuidem do jardim sem luvas plásticas;
- Limpem a caixa de areia de seu gato com freqüência (no máximo a cada 24 horas, pois as fezes de gato contaminado só se tornam contaminantes após 1 a 5 dias em contado com a areia);
- Coloquem areia própria para pipicat na bandeja sanitária dos gatos, não areia ou terra comum;
- E nunca, jamais, abandonem seus animais. Isso não é apenas cruel e desumano, mas também é crime!
Médicos mais antigos podem ter opiniões diferentes. Trata-se de pessoas que não se atualizam nas ciências de sua profissão, portanto, não devem ser considerados confiáveis (busque outro médico).
A leptospirose, mais comum em ratazanas de esgoto, é uma doença que pode, eventualmente, ser contraída por cães que entram em contato com a urina da ratazana infectada ou ingerema ratazana infectada. O homem pode contrair tal doença por entrar em contado com a urina da ratazana infectada (em locais onde ocorrem enchentes). Raramente, a doença é contraída pelo contado com a urina ou sangue de outros animais infectados (como cães, bois, cavalos, porcos e carneiros). Para evitar essa doença, basta não entrar em contado com água de enchente, bem como não deixar cães domésticos passearem sem coleira e guia (para que não pisem em poças ou esgoto, bem como para que não comam ratazanas).
O gato não é hospedeiro da bactéria transmissora dessa doença.
A criptococose, uma micose muito perigosa, pode ser adquirida respirando a poeira das fezes secas de bombos contaminados pelo fungo que a causa. Por isso, deve-se lavar locais com fezes de pombos em vez de varrê-los. A água faz com que a poeira não se dissipe. E é interessante apoiar políticas de redução à população de pombos: manter cidades e rios limpos, deixar lixo em sacos fechados e colocados nas ruas próximo aos horários de coleta, utilizar aparelhos elétricos que afastam pombos e preservar os felinos, pois eles caçam pombos. Sair matando pombo não adianta. O fungo que causa a criptococose ainda pode ser encontrado em terra e alimentos.
Quanto a alergias, diversas pesquisas realizadas têm comprovado que pessoas que conviveram com animais em seus lares, quando bebês ou crianças, não são alérgicos, ou tem os sintomas de alergias mais moderados que pessoas que nunca conviveram com tais animais.
O risco real que um animal pode oferecer a um bebê é mordê-lo ou arranhá-lo (isso se o animal costuma ter esse tipo de comportamento arisco – raro em animais domésticos tratados com carinho). Para evitar isso, basta deixar animal e bebê separados enquanto não houver alguém supervisionando-os ou até que o bebê atinja idade suficiente para esquivar seus olhos de possíveis arranhões. Um cão de porte grande pode dar patadas na cabeça do bebê ou derrubá-lo de um local aberto, como uma cama, na tentativa de brincar. Pra evitar isso, bem como que o bebê role naturalmente e caia, é possível deixar o bebê em berços e carrinhos próprios com telas ou teto protetor (há telas mais duras e fixas especialmente para quem tem cães e gatos em casa para fixar no carrinho e berso do bebê- compre-as); e, com o tempo, ensinar o bebê a não colocar o animal na boca, bem como não apertá-lo ou machucá-lo. Assim, a convivência será respeitosa de ambos os lados.
Para suprir questões de higiene, é recomendável manter a casa limpa e desinfetada (com produtos que não exalam cheiros e, preferencialmente, sejam diluíveis em água), manter o cão banhado (a cada 15 dias); e o gato, se tiver acesso às ruas, sempre limpo (passar em seus pelos um pano umedecido com água e algumas gotas de vinagre – cerda de 20 gotas para cada 200ml de água). O melhor é que o gato não tenha acesso às ruas. Os vermífugos, vacinas e antipulgas de marcas recomendadas por veterinários devem estar em dia.
As outras doenças que cães e gatos podem transmitir a humanos (ou adquirir deles) são raras, não graves e de fácil tratamento (geralmente com pomadas e remédios). Quando detectadas pelos claros sintomas que causam, tanto animal como humano devem ser corretamente tratados conforme indicado por especialistas.
Saiba mais
Veja o vídeo BICHOS DE ESTIMAÇÃO MELHORAM A SAÚDE DE SEUS DONOS
Glossário e termos importantes
Imunidade - proteção prolongada (que pode ser adquirida pela vacinação ou pelo contato com agentes causadores de doenças) contra determinadas doenças.
Hospedeiro - ser vivo capaz de abrigar, vivo, em seu corpo, outro ser vivo, tal como determinado agente causador de doença;
Exame sorológico - exame sanguíneo que permite observar se um ser vivo possui uma doença (em fase aguda ou crônica) ou é imune a ela;
Pré-natal - Exames que o casal deve fazer durante a gravidez, mas especialmente antes dela.
Imagem: minha amiga Susan e sua gatinha.
Fontes:
Gatos – 101 Perguntas intrigantes: curiosidades, informações veterinárias, mitos e verdades de Marty Becker (veterinário residente e professor adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária de Washington e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Colorado) e Gina Spadafori (jornalista colunista da rede Universal Press e coordenadora do site Pet Care Fórum, da América Online);
Quinta edição do Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Ministério da Saúde;
Artigo comentado do Jornal Americano de Pesquisas Médicas.
Como evitar animais indesejados sem cometer crimes
BIO - Volume único (abaixo) - Excelente livro de Biologia para o Ensino Médio e pré-vestibular. Como bacharel e licenciada em Ciências Biológicas, tenho e recomendo.
Divulgue essas informações e evite que pessoas façam mal aos animais 💗
Gostei do Blog
ResponderExcluirParabéns pelo bom trabalho
Conheça os meus
http://saudecompleta.blogspot.com
http://blogdoprofessorari.blogspot.com
Minha comunidade de protetores de animais
http://redebichos.ning.com
Amei seu blog...espero entrar novamente e encontar novidades, principalmente falando de gatinhos que eu adoro.
ResponderExcluirbeijos, Helane Souza
Dia 08/02/2015, na Folha de São Paulo, publicaram que as bactérias são seres invisíveis! Que máximo: X-Man, ou melhor, X-Bac! Acho que eles não se atualizam desde 1668...Mas no paragrafo seguinte escreveram que “quase ninguém vê” as bactérias (concluo que só os inteligentes as enxergam, como no Chapolin Colorado).
ResponderExcluirDentre várias bolas-fora, eles deram algumas dentro e colocaram que resultados de pesquisas confiáveis demonstram que:
- Bactérias são dezenas de vezes mais variadas e mais frequentes nos parquinhos do Ibirapuera do que na Cracolândia (bom, praticamente nem há vida na Cracolândia. Sabíamos que nem cães suportam os drogados... Agora descobrimos que as bactérias também estão fora! Lá permanecem só os vírus HIV, da hepatite [e quem sabe o T-Virus do Resident Evil, principalmente]).
Colocou-se, ainda na matéria, que as bactérias são presentes em muitíssimo maior número nos parques porque “as crianças vomitam, babam, comem terra, se beijam e se abraçam”. Ahm, os drogados também fazem isso. Haha... E porque há cães lá... MAS ouros locais de incidência maior ainda de bactérias, entre elas as patogênicas, foram estações rodoviárias de São Paulo, o metrô, as teclas de caixas eletrônicos e o Mercado Municipal (“Mercadão”), onde cães são proibidos! Humanos não...
As pessoas costumam focar as outras espécies como quem transmite patógenos, mas isso é uma burrice, pois a grande maioria dos vírus e bactérias são específicos, isto é, infectam apenas um tipo de célula de somente uma espécie. Assim, a grandíssima maior parte das doenças humanas que existe é transmitida de pessoa a pessoa.
Um animal vacinado, tratado dento de casa e sob orientação veterinária não transmitirá nenhuma doença nem mesmo a um bebê.
Óbvio, escrevo isso como Bióloga e com muita experiência com animais domésticos. ... E mesmo com ela toda, a partir de um exame recente descobri o que esperava, cientificamente pensando: sou soronegativa para toxoplasmose!
E fora o sarro que não resisti tirar, a matéria está muito boa e teve pesquisas realizadas para ela. Gostei. Estão de parabéns!
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/02/1586336-saiba-quais-sao-as-bacterias-mais-comuns-em-sp-e-como-se-proteger.shtml